terça-feira, 20 de abril de 2010

Início


Minha primeira motivação para o estudo da Conjuração Baiana foi a constatação, ainda no Ensino Médio, do caráter secundário que foi dado a este movimento social pela historiografia brasileira.

Esse caráter secundário a que me refiro pode ser percebido por meio de uma simples comparação da sedição baiana de 1798 com a sua congênere ocorrida nove anos antes em Minas Gerais. Se esta foi escolhida, desde a Primeira República (1889-1930) como objeto da história nacional, aquela foi considerada importante apenas regionalmente. Se o alferes mineiro¹ foi entronado, ainda que postumamente, como herói, defensor da Nação e da República do Brasil, os alfaiates e soldados baianos executados pelo Império Português não tiveram feriado algum consagrado à lembrança de sua luta.

Sobre a chamada Revolta dos Alfaiates, também conhecida como Revolução dos Búzios, muito já foi discutido: a influência dos princípios iluministas – e mesmo de indivíduos – franceses na sua organização; a participação de membros da elite baiana, por meio da sociedade, supostamente maçônica, Cavalheiros da Luz; O seu fascinante caráter popular, que é considerado uma peculiaridade, já que os escravos, soldados e alfaiates, mulatos e pardos, não se contentaram em apenas aderir ao movimento, mas assumiram o controle de suas reivindicações e de seu projeto revolucionário, entre outros aspectos. Contudo, o tema não está esgotado.

Este blog pretende ser um espaço de proposição de novas questões e de sugestão de novas respostas. Mas, sem dúvida, seu maior objetivo é buscar, nos textos já publicados, nas praças e monumentos de Salvador e na memória de sua população, as representações e as marcas deixadas pelos revoltosos de 1798.

_____________________________
¹Referência ao alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, único envolvido na Conjuração Mineira condenado à morte.

P.S.: A imagem é de uma suposta bandeira da Conjuração Baiana, elaborada com base no modelo descrito por Brás do Amaral e Francisco Borges de Barros, em que se pode ler o lema "Surge nec mergitur" ("Apareça e não se esconda").

Um comentário:

  1. Olá,Lasserre.
    Vejo que esta começando na blogosfera, lhe desejo sucesso.Parabéns pela iniciativa, à blogosfera precisa de trabalhos assim. Já estou seguindo seu blog, se desejar conhecer meu trabalho de estudos historicos o endereço é http://www.construindohistoriahoje.blogspot.com. Gostaria de pedir para apoiar nosso trabalho contra o racismo, realizado pela CENACORA (Comissão Ecumênica de Combate ao Racismo)
    Um abraço,
    Leandro

    ResponderExcluir